Fazendeiro morto a tiros a mando da filha e do genro tinha ordenado que casal desocupasse casa em que moravam antes do crime, diz polícia
Cinco pessoas foram indiciadas por homicídio duplamente qualificado. Segundo a polícia, Nelson teria pedido ao casal que desocupasse o imóvel por não concordar com o comportamento deles.
A investigação da Polícia Civil apontou que o fazendeiro Nelson Alves de Andrade, morto a tiros em Campinorte, no norte goiano, tinha ordenado que a filha e o genro desocupassem a casa em que eles moravam, que era propriedade dele. Segundo a polícia, a briga do fazendeiro com o casal, que foi indiciado por mandar matar o fazendeiro, aconteceu pouco antes dele ser assassinado.
“[Há] o relato de que estes teriam brigado, tendo Nelson ordenado que seu genro e filha desocupassem o imóvel onde residiam, pois se tratava de propriedade de Nelson”, explicou a polícia ao indiciar o casal.
Os detalhes da briga foram dados à polícia por testemunhas que prestaram depoimento durante a investigação. No relatório policial da conclusão das apurações, o delegado Peterson Amin revelou que Nelson teria pedido ao casal que desocupasse o imóvel por não concordar com o comportamento deles, que estavam aglomerando pessoas na casa, em uma espécie de ponto de droga.
A defesa da filha da vítima disse que ela é inocente e que isso será provado ao longo do processo. A reportagem não localizou a defesa do marido dela para um posicionamento até a última atualização deste texto. Além do casal, o homem apontado como executor e os outros dois que auxiliaram na emboscada também foram indiciados pelo homicídio. A reportagem também não conseguiu localizar a defesa deles para um posicionamento.
De acordo com a Polícia Civil, o fazendeiro Nelson Alves foi morto em uma emboscada no dia 1º de abril de 2024, enquanto pilotava uma moto, numa estrada de terra, em Campinorte. Ele foi atingido com dois tiros. Os suspeitos estavam de bicicleta quando cometeram o crime.
As investigações apontaram que a filha e o genro da vítima contrataram o assassino para cometer o crime mediante pagamento de R$ 20 mil. Ele, por sua vez, chamou dois comparsas para participar do crime, informou a PC.
O caso teve uma reviravolta após esse executor denunciar o casal à polícia por não ter recebido os R$ 20 mil combinados pelo crime. Antes de efetivamente entregar o casal, o executor chegou a ameaçar os dois e a oferecer para parcelar a dívida em três vezes: “Você manda R$ 6 [mil] essa semana para mim, eu mando buscar aí R$ 7 mês que vem e R$ 7 no outro mês”. Na ocasião, o genro do fazendeiro concordou com o parcelamento, mas depois pediu para o executor esperar.
Conforme a polícia, a filha da vítima era a única herdeira de Nelson Alves e a herança incluía: 20 alqueires de terra, 110 cabeças de gado, quatro imóveis em Campinorte e uma quantia em uma conta bancária. Herança que teria sido motivo para filha mandar matar o pai inclui fazenda, cabeças de gado, imóveis e dinheiro.
O casal foi preso no dia 20 de dezembro e o executor está foragido. O delegado Peterson Amin declarou que os dois homens contratados pelo suspeito de assassinato não foram presos porque a Justiça entendeu que não havia provas suficientes contra eles. A prisão da filha suspeita de mandar matar o pai com ajuda do marido para ficar com herança foi realizada em decorrência das investigações policiais.
A situação delicada envolvendo a morte do fazendeiro Nelson Alves e a disputa pela herança de R$ 3 milhões revela uma trama complexa de interesses e ações criminosas. A polícia continua trabalhando para esclarecer todos os detalhes desse crime que chocou a região de Campinorte e resultou na prisão de vários envolvidos. Enquanto a justiça segue seu curso, a comunidade local busca compreender e superar os impactos dessa tragédia familiar.