Como um brasileiro fez um torneio de futebol nos EUA aumentar a receita em 900%





Em janeiro de 2025, Flamengo, São Paulo FC, Atlético Mineiro e Cruzeiro dão um gosto do futebol brasileiro na terra do soccer. São os clubes que participarão da próxima edição da FC Series, evento de pré-temporada cuja receita cresceu mais de 900% nos últimos três anos, batendo US$ 30 milhões neste ano.

O próximo ano marca o 10º aniversário do evento, antes chamado de Florida Cup, no momento em que os Estados Unidos entram no centro do calendário do futebol mundial.

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Em 2025, o país abriga o Super Mundial de Clubes, torneio que reúne os principais campeões continentais no futebol profissional. Depois, em 2026, é a vez da Copa do Mundo de Futebol Masculino, sediada conjuntamente com México e Canadá. Tudo isso após ter servido de palco, neste ano, para a Copa América.

Visão aérea do jogo entre Arsenal e Chelsea pela FC Series no Camping World Stadium. (Foto: Divulgação/FC Series)

“O fator marketing, como também na NBA e na NFL, é um pouco mais importante ou tem mais espaço [nos Estados Unidos] do que na Europa, por exemplo, onde a cobrança do dia a dia, da performance, a paixão dos torcedores, fala mais alto” diz Ricardo Villar, CEO e co-fundador da FC Series em entrevista ao InfoMoney.

Olhar brasileiro no futebol dos Estados Unidos

Foi Villar um dos idealizadores do torneio de pré-temporada, ainda em 2015. Ex-atleta de futebol profissional, o executivo passou pela formação na base do São Paulo FC, mas engatou logo uma carreira internacional que começou nos próprios Estados Unidos.

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“Eu fiz um intercâmbio nos Estados Unidos, quando voltei já estava fora da base, ainda estudando, mas abri portas lá fora, na Pensilvânia, onde fiquei”, conta. “Acabei recebendo, um ano depois, uma proposta de bolsa de estudos para a Penn State University, para jogar futebol e estudar.”

Depois de uma passagem pela Major League Soccer (MLS, liga de futebol profissional masculino dos EUA), Villar ainda passou pelo FC Red Bull Salzburg, na época em que o clube pertencia à marca de bebidas energéticas e o mercado asiático. Uma lesão o tirou dos campos, mas levou ao mundo um executivo, com a criação da Florida Cup, em 2015.

Para Villar, se o país não tem os fãs mais culturalmente empolgados com o futebol, soube muito bem trabalhar o produto como entretenimento. “Eles entenderam que deveriam fazer o evento para as famílias que iriam curtir o futebol, mas também o entorno do futebol, do esporte como um todo.”

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Florida Cup vira FC Series

É uma das principais expertises da Florida Citrus Sports, associação sem fins lucrativos gestora do estádio Camping World Stadium e organizadora de eventos como o Pro Bowl, jogo comemorativo com as principais estrelas da liga de futebol americano NFL.

Em 2021, o grupo licenciou a marca da Florida Cup com uma opção de compra. Segundo Villar, os fundadores do torneio seguem como sócios, mas “hoje o poder de decisão, o risco, está na mão deles”.

Villar assumiu o cargo de CEO da FC Series e o guarda-chuva da área de futebol internacional da empresa. A negociação com a Florida Citrus Sports foi o que abriu a possibilidade de expansão dos jogos do torneio por todas partes dos Estados Unidos, e não apenas no estado da Flórida.

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Partida entre Barcelona e Manchester City pela FC Series no Camping World Stadium. (Foto: Divulgação/FC Series)

Neste ano, Manchester City e Milan disputaram um amistoso no histórico estádio de beisebol Yankee Stadium. Em parte, a estratégia é aumentar a quantidade de torneios no ano para adequá-los a datas e geografias mais atraentes para o calendário europeu.

Os eventos que estão por vir no país dão a dimensão do crescimento do mercado em um país que sempre foi acostumado a chamar de football um esporte jogado com as mãos e uma bola oval.

De 2022 para 2023, a MLS foi de uma receita combinada das equipes de US$ 1,6 bilhão para US$ 2 bilhões, ultrapassando a arrecadação conjunta dos clubes da Série A do futebol brasileiro.

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A chegada de um astro do nível do argentino Lionel Messi à liga não é fato isolado. “O Messi é um dos fatores que atrai. Kim Kardashian, Will Smith, e todos acabam indo para o jogo. E aí os Estados Unidos inteiros querem saber o que é esse fenômeno”, conta Villar, que presenciou a MLS quando a liga ainda era disputada em campos cortados por linhas de futebol americano.

A própria Florida Citrus Sports deve ganhar com o calendário de eventos que está por vir. O estádio gerido pelo grupo sediará, em 2025, jogos do Super Mundial — inclusive ao menos uma partida do Flamengo no torneio. “A parte de networking que vamos trazer para a cidade, impacto econômico, conexão de marcas, será importante”, diz Villar.