Júnior Vianna morava em Guajuviras, em Canoas (RS), bairro mais violento do município. Com dois anos de idade foi abandonado pelos pais. “Fui criado pela minha avó por parte de pai. Os dois me deixaram com ela e sumiram”, conta.
Vianna completou apenas o ensino fundamental. “Abandonei a escola com 15 anos”, diz. Depois, foi trabalhar como servente de pedreiro em construção de prédio.
“Quando trabalhava de servente de pedreiro ganhava pouco mais de 1 mil reais (por mês). Minha conta não fechava. Tinha dias que almoçava uma bolacha Trakinas porque era o que tinha”, recorda. Aos 18 anos começou a ler sobre desenvolvimento pessoal e negócios.
Nesse tempo, passou a copiar e vender CD de música nas ruas. “Botava na mochila e saia vendendo em porta em porta”, lembra. Depois, foi trabalhar num frigorífico de aves em Garibaldi (RS). Também foi vendedor de porta-em-porta de planos de telefonia e de televisão por assinatura.
Empresa de reciclagem
Foi nesse último trabalho que conheceu um empresário de Porto Alegre. “Pedi uma oportunidade para trabalhar com ele. E ele me chamou”, conta.
O empresário do ramo de reciclagem de lixo eletrônico lhe apresentou o mercado financeiro. Ele achava que Vianna podia aprender rápido e indicou um conhecido para lhe dar dicas de como estudar sobre o setor. “Até ele comentar, não passava na minha cabeça trabalhar no mercado financeiro”, diz.
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“Comecei então a pesquisar e cheguei no day trade”, ressalta. Isso era 2016, cerca de cinco anos de depois de ter deixado o trabalho de servente de pedreiro. Ele passou a ler livros de análise técnica clássica. E, ainda, fez cursos na área.
“Comecei a operar em fevereiro de 2016. No primeiro mês fui na conta simulada, mas no segundo, na conta real”, diz. “Quando fui para conta real fiquei dois anos perdendo dinheiro. No total, foram R$ 43 mil”, acrescenta.
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Ponto de virada
“Não consegui encaixar muitas vezes o que me ensinavam. Onde consegui o ponto de virada, depois de aprimorar o mental, foi quando comecei a utilizar o gráfico de Renko (ferramenta de análise técnica) quando muita gente nem sabia o que era. Passei a ter resultados”, relata.
No final de 2019, viu que fechava o mês com frequência no positivo. Ele então decidiu se dedicar integralmente ao day trade.
“Nos primeiros meses da pandemia, já estava um ano e pouco ganhando dinheiro e fui convidado para fazer trade numa mesa proprietária de um escritório de advocacia. Fiquei dois anos lá. Operava ações em swing trade e minidólar e mini-índice”, explica.
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Nesse tempo ele também começou a ensinar sobre operação no mercado financeiro para algumas pessoas que vinham lhe procurar. ”Tomei gosto por ensinar. Foi onde fundei a My Gain”, afirma.
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Em 2022, ficou 100% dedicado a My Gain, empresa de ensino para traders. Hoje, a empresa sediada em Porto Alegre tem mais de 20 colaboradores e cerca de 10 mil alunos. “A gente está assinando contrato semana que vem para sair para um lugar de 120 m² para uma nova sede de 360 m² para ampliar o time”, conta. Em dezembro de 2024, Júnior Viana tornou-se influencer da Clear Corretora, empresa que faz parte do grupo XP.
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Família
Casado há 9 anos, ele tem uma filha de 4 anos e outra de 2. “Quando comecei, minha mulher ficava bem com pé atrás porque ela via só dinheiro sair (no trade). Mas ela nunca pediu para parar. Mas ela me segurava”, conta.
Hoje, com 32 anos, ele lembra que quando era servente de pedreiro seu sonho era ganhar R$ 5 mil por mês. “O que me marcou foi quando passei a ganhar isso por dia em meados de 2023”, afirma.
Aos 29 anos, Vianna foi procurar os pais que haviam o abandonado. A casa que mora a sua mãe é paga por ele. O trader também costuma conversar com o pai. “Me questionava por que guardar essa mágoa. Fazia mal mais para mim do que para eles. Resolvi então procurá-los”, explica. O trader ainda tem cinco irmãos.
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A avó que o criou morreu em 2023, mas antes dizia que tinha orgulho dele chegar onde chegou a partir de onde saiu.
Nos seus cursos de trade, ele diz oferecer muito mais do que técnica. “Entrego bastante também conteúdo comportamental e mental”, ressalta.
Ele sugere àqueles que querem iniciar no mercado financeiro a desenvolver três convicções. “Primeiro, acreditar que o mercado dá certo porque se não acreditar nisso, não adianta se dedicar”, diz.
“Segundo, desenvolver uma crença no operacional, independente qual ela seja”, afirma. Por fim, ele comenta da importância de acreditar naquilo que está fazendo.
“Vai ter período ruim, vai ter momento de quedas. Se não tiver convicto no que está fazendo, vai-se deixar o medo dominar. Se não se tem convicção na capacidade, não se vai ganhar dinheiro”, conclui.