É de conhecimento geral que certos hábitos podem ser extremamente prejudiciais à saúde, como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool e o sedentarismo. Embora possam causar consequências imediatas, como ressaca ou ganho de peso, já foi comprovado cientificamente que, a longo prazo, esses comportamentos podem levar ao desenvolvimento de doenças graves, como câncer e demência.
Pesquisadores da Universidade de Jyväskylä, na Finlândia, decidiram investigar em que momento esse estilo de vida pouco saudável começa a impactar significativamente a saúde. Os resultados, publicados na revista científica Annals of Medicine na quinta-feira (24), apontam um número específico: essas quedas na saúde começam aos 36 anos de idade. A conclusão foi baseada no acompanhamento de um grupo de pessoas ao longo de mais de 30 anos.
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“Nossas descobertas destacam a importância de combater comportamentos de risco à saúde, como tabagismo, consumo excessivo de álcool e inatividade física, o mais cedo possível, para evitar que os danos se acumulem ao longo dos anos e resultem em uma saúde mental e física precária mais tarde na vida”, afirmou Tiia Kekäläinen, autora do artigo.
O grupo de estudo destacou que muitos trabalhos anteriores começavam a acompanhar os participantes apenas na meia-idade. No entanto, como os hábitos mencionados geralmente se iniciam antes dos 30 anos, os pesquisadores decidiram investigar os efeitos desde uma idade mais jovem.
Para isso, utilizaram dados de um estudo de longo prazo que acompanhou centenas de pessoas nascidas em 1959 na cidade de Jyväskylä. Esse grupo foi monitorado desde a infância até os 60 anos, com avaliações periódicas da saúde física e mental realizadas por meio de entrevistas e exames médicos aos 27, 36, 42, 50 e 61 anos.
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Resultados
Nas avaliações, os cientistas analisaram diversos parâmetros, como sintomas de depressão, pressão arterial, níveis de glicose no sangue, colesterol e circunferência da cintura. Além disso, monitoraram os três principais comportamentos de risco: tabagismo, consumo excessivo de álcool e falta de atividade física.
O consumo excessivo de álcool foi definido como mais de 875 doses por ano para mulheres e mais de 1.250 doses por ano para homens, sendo que uma dose equivale a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou um shot de destilado. Já a falta de exercício foi caracterizada como a prática de menos de uma atividade física por semana.
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Os resultados confirmaram o esperado: indivíduos que apresentavam os três comportamentos de risco tinham pior saúde física e mental em comparação com aqueles que não possuíam nenhum desses hábitos.
Contudo, o estudo trouxe uma descoberta nova: os efeitos negativos desses hábitos começaram a ser observados já aos 36 anos.
A pesquisa também destacou a relação entre o tempo de exposição a esses comportamentos e a gravidade dos impactos na saúde.
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Quanto mais tempo uma pessoa mantinha esses hábitos, mais severos eram os efeitos. Por exemplo, aqueles que mantiveram esses comportamentos durante toda a vida apresentaram uma piora de 1,49 ponto no risco metabólico em uma escala de cinco pontos.
Os pesquisadores observaram que a falta de exercício físico estava principalmente associada à piora da saúde física, enquanto o tabagismo impactava negativamente a saúde mental. Já o consumo excessivo de álcool afetava tanto a saúde física quanto a mental.
Na visão da coautora, os resultados reforçam a importância de reduzir os riscos associados a esses hábitos. Ela enfatiza que o impacto acumulativo pode levar ao surgimento de diversas doenças, que representam uma grande carga para os sistemas de saúde ao redor do mundo.
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“Doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardíacas e câncer, causam quase três quartos das mortes no mundo. No entanto, ao adotar um estilo de vida saudável, uma pessoa pode reduzir o risco de desenvolver essas doenças e diminuir as chances de uma morte precoce. Nunca é tarde demais para mudar para hábitos mais saudáveis. Adotar práticas mais saudáveis na meia-idade também traz benefícios para a velhice”, afirma.