O que esperar do Ibovespa em 2025?

O ano de 2024 foi desafiador para o mercado financeiro brasileiro, com o Ibovespa enfrentando forte volatilidade e registrando quedas significativas. Eventos domésticos e internacionais combinaram-se para impactar o principal índice da Bolsa brasileira, reduzindo o apetite dos investidores.

Entre os fatores mais relevantes, destacam-se o pacote fiscal anunciado pelo governo, a alta da taxa Selic, a persistência da inflação, a saída de capital estrangeiro e o aumento do risco Brasil, medido pelo CDS.

Cenário econômico: Desafios internos e externos

O pacote fiscal, apresentado em novembro com o objetivo de economizar R$ 71,9 bilhões em dois anos, não atendeu às expectativas do mercado. As medidas foram consideradas insuficientes para conter o avanço da dívida pública.

Além disso, a proposta de isenção do Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil mensais aumentou as dúvidas sobre a capacidade do governo de equilibrar as contas, gerando pessimismo entre os investidores.

Outro fator de peso foi a elevação da taxa básica de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a Selic para 12,25% ao ano em sua última reunião, que aconteceu em dezembro, no terceiro ajuste consecutivo, como parte de uma estratégia para conter a inflação. Embora necessária, a alta dos juros penalizou setores sensíveis ao crédito, como varejo e construção civil, além de reduzir a atratividade da renda variável.

A inflação também foi um ponto de atenção ao longo do ano. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2024 em 4,71%, ultrapassando o teto da meta definida pelo Banco Central. Esse cenário reforçou a percepção de instabilidade econômica, pressionando ainda mais o desempenho do mercado financeiro.

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Além disso, a saída de capital estrangeiro foi destaque em 2024. Com o aumento dos juros nos Estados Unidos e a maior atratividade de ativos mais seguros, essa fuga de recursos prejudicou a liquidez do mercado e contribuiu para o desempenho negativo do Ibovespa, que acumulou uma queda de 10,37% até o fechamento de sexta-feira, 27 de dezembro.

Por fim, o aumento do Risco Brasil chamou atenção. O Credit Default Swap (CDS) de 5 anos chegou a bater 218 pontos-base em dezembro, refletindo a crescente desconfiança dos investidores quanto à capacidade do Brasil de honrar suas obrigações financeiras.

Análise técnica: Pressões no médio prazo e potencial no longo prazo

No mais, o ano de 2024 não trouxe o tão esperado rally de alta para o Índice Ibovespa (IBOV). Pelo contrário, o mercado presenciou um rally de baixa, com os últimos quatro meses do ano marcados por fechamentos consecutivos no negativo.

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Dessa forma, no gráfico semanal, o Ibovespa iniciou um movimento corretivo após renovar seu topo histórico em agosto de 2024. A correção se intensificou em dezembro, com o índice perdendo uma de suas linhas de tendência de alta (LTA). Apesar disso, o índice ainda se mantém acima de outra LTA, a mais longa.

Ademais, os preços passaram a ser negociados abaixo das médias móveis aritméticas (MMA) de 21 e 50 períodos. Ambas já apresentam inclinação para baixo, sinalizando pressão vendedora e possibilidade de novas quedas para o médio prazo.

No entanto, é preciso ter atenção na região dos 118.685 pontos. Após atingir seu topo histórico, o Ibovespa não conseguiu sustentar a alta, formando dois topos na mesma região. Caso perca esse patamar, o índice poderá acionar uma figura gráfica de um topo duplo, com projeções de baixa para 102.600 pontos.

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No entanto, no meio do caminho, destaca-se um suporte de grande relevância em 116.900 pontos, onde a LTA remanescente coincide com a MMA de 200 períodos, configurando uma região estratégica com potencial para atrair a retomada das compras pela ponta compradora.

Por outro lado, caso o Ibovespa se mantenha acima da MMA de 200 períodos, poderá buscar os topos anteriores em 125.320 pontos, 130.815 pontos e, eventualmente, atingir novamente a máxima histórica de 137.469 pontos.

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Fonte: RocketTrader. Gráfico Semanal IBOV

No gráfico mensal, o índice segue em correção após renovar seu topo histórico em agosto, acumulando quatro meses consecutivos de queda. Contudo, o Ibovespa ainda respeita duas linhas de tendência de alta (LTA), reforçando uma estrutura de alta no longo prazo.

As médias móveis aritméticas de 21, 50 e 200 períodos permanecem inclinadas para cima, o que sinaliza uma tendência primária de alta. Mesmo com os preços abaixo da média de curto prazo de 21 períodos, a média de 50 períodos segue como suporte relevante junto com os topos anteriores, alinhada com o princípio da bipolaridade — resistência quando rompida se torna suporte.

Para o longo prazo, a tendência permanece otimista. O índice pode realizar correções nos patamares de 116.250 pontos, próximo à MMA de 50 períodos, ou até 111.500 pontos e mais abaixo em 107.900 pontos, este último uma zona de suporte técnico importante.

Essas correções podem ser saudáveis, permitindo que o Ibovespa ganhe fôlego para buscar novas máximas. Caso o índice rompa o topo histórico de 137.469 pontos, os próximos alvos podem ser 142.775 pontos e, eventualmente, 147.900 pontos.

Fonte: RocketTrader. Gráfico Mensal IBOV

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