Quais devem ser os cuidados com a alimentação durante as festas de final de ano?

Todo final de ano há surtos de viroses gastrointestinais e de gripes. Não é exatamente novidade, pois com o aumento de viagens à praia ou ao interior, aglomerações sociais típicas no período de festas, é possível esperar que alterações de saúde aconteçam.

Além disso, as mudanças nos hábitos alimentares e a maior circulação de pessoas em ambientes fechados favorecem a propagação de vírus, como o norovírus e os da influenza.

Em geral, o descuido com a alimentação pode transformar toda a alegria de final de ano em perrengue.

Intoxicações alimentares, viroses gastrointestinais e mal-estar geral são complicações comuns dessa época, causadas principalmente por escolhas alimentares inadequadas e práticas de higiene negligenciadas.

A nutricionista Aline Ramalho dos Santos, do Hospital Samaritano Higienópolis, explica que as doenças mais comuns são aquelas relacionadas à intoxicação alimentar.

“Por exemplo, temos a contaminação por Salmonella e por Escherichia coli, que são alguns tipos de micro-organismos que podem ocasionar uma intoxicação alimentar”, disse.

Continua depois da publicidade

Segundo Thiago Viana, médico do esporte e nutrólogo, as viroses também podem ser causadas por norovírus e rotavírus, comuns nesse período.

Como se preparar para o final do ano?

Os especialistas acreditam que a melhor forma de evitar ser pego de surpresa durante o período de festas é com uma preparação do sistema imunológico.

“Garantir uma alimentação equilibrada rica em frutas, vegetais, proteínas magras e grãos integrais que fornecem vitaminas, minerais e antioxidantes”, disse Viana.

Continua depois da publicidade

Ele destaca que o consumo de vitamina C em frutas cítricas, assim como a vitamina D (que pode ser garantida através da exposição ao sol e consumo de peixes) e o zinco presente em castanhas e sementes podem ajudar muito a imunidade.

Leia mais: Superalimentos: o que são e como adicioná-los à rotina?

“Esses nutrientes ajudam a fortalecer a imunidade e defesas do organismo. Além disso, é importante manter bons hábitos de sono, hidratação adequada e praticar atividades físicas.”

Além disso, a escolha inadequada de alimentos pode trazer consequências imediatas, como problemas digestivos e metabólicos.

Continua depois da publicidade

“Consumir alimentos com baixo valor nutricional pode elevar o colesterol, a pressão arterial e até causar má digestão ou hiperglicemia”, disse Aline.

Ainda, o consumo excessivo de alimentos ricos em gordura, açúcar e sal pode sobrecarregar o sistema digestivo e prejudicar o bem-estar geral.

Boas práticas

Evitar intoxicações alimentares começa com a manipulação e armazenamento adequado dos alimentos. Lavar as mãos, higienizar utensílios e armazenar alimentos perecíveis em temperaturas seguras são práticas essenciais.

Continua depois da publicidade

“Quando um alimento refrigerado fica em temperatura ambiente, aumenta o risco de contaminação microbiológica”, disse Aline.

Já Viana reforça a importância de evitar a contaminação cruzada. “Não use a mesma tábua para cortar carnes e vegetais sem higienizá-la entre os usos. Além disso, carnes devem ser cozidas a temperaturas superiores a 70°C para garantir a segurança alimentar”, afirmou o médico nutrólogo.

Quando se trata de alimentação fora de casa, a nutricionista destaca que é extremamente importante dar uma atenção especial para alimentos vendidos em praias ou locais de calor intenso.

Continua depois da publicidade

“O camarão, por exemplo, é um alimento de alto risco devido ao seu elevado teor de água, que favorece a proliferação de micro-organismos. Além disso, o óleo reutilizado para fritura pode gerar contaminação”

Outros sinais de que a comida não está boa para o consumo são a aparência e o odor. De acordo com Viana, “aparência opaca, odor estranho ou textura viscosa são sinais de alerta”.

Equilíbrio, hidratação e viagens seguras

Para desfrutar das festividades sem comprometer a saúde, moderação é a palavra-chave. “Evite jejum prolongado, coma devagar e escolha opções mais saudáveis, como oleaginosas e molhos caseiros”, recomenda a nutricionista.

Outra recomendação importante feita por Viana é a inclusão de alimentos ricos em fibras e água na dieta, além de controlar as porções, para que não haja consumo exagerado no final do ano.

Os especialistas ressaltam que o consumo de álcool, comum nesse período, exige cuidados extras. Uma das dicas de ouro, reforçada por Aline, é intercalar bebidas alcoólicas com água. Isso é essencial para evitar a ressaca.

Além disso, Viana destaca que comer uma refeição antes de beber ajuda a reduzir o impacto no fígado e no sistema digestivo. “Evite misturar diferentes tipos de bebidas alcoólicas, pois isso pode sobrecarregar o organismo”, alerta.

Mais uma dica de cuidado é para quem pretende viajar para outros países no final do ano. Locais com culinárias diferentes exigem uma adaptação gradual. “Conheça os pratos típicos e escolha locais com boas práticas de higiene”, recomenda a nutricionista.

Viana reforça a importância de evitar alimentos crus ou mal cozidos em locais sem condições adequadas de higiene. “Dê preferência a pratos cozidos e carnes grelhadas”, sugere o médico.

Sinais de alerta: quando buscar ajuda médica

Dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia são os principais sinais de intoxicação alimentar. “Se persistirem por mais de 24 horas ou houver desidratação severa, é preciso buscar atendimento médico”, disse Viana.

A nutricionista acrescenta que sintomas como calafrios ou sangue nas fezes exigem atenção imediata, ou seja, mesmo que se interrompam as festas de fim de ano.